Já ouviu falar em primeira infância? É um período que compreende desde a gestação até os seis anos de idade da criança. Essa fase é fundamental em todos os aspectos, principalmente pelo fato de ser o momento em que os filhos fazem mais conexões. Ou seja, as interações que acontecem na primeira infância ficam guardadas na memória das crianças, sejam boas ou ruins.
Consequentemente, as lembranças guardadas pelos pequenos irão repercutir durante toda sua trajetória de vida. Por isso, é importante que os pais tenham cuidado com o que falam para os seus filhos. Depois de um tempo, determinadas afirmações negativas podem virar verdadeiros traumas. Então, saiba quais são as 7 coisas que uma mãe nunca deve dizer aos filhos.
7. Homem não chora/Isso não é coisa de mocinha
É sempre uma péssima abordagem dizer ao filho que homem não chora. Ao ensinar isso à criança, estará oprimindo o direito dela de sentir as emoções e externalizá-las de forma natural. Determinadas orientações acabam aprisionando emocionalmente o pequeno. Quando ele crescer, provavelmente precisará lidar com isso na terapia.
O ideal é procurar entender o porquê o filho está chorando e conversar com ele até acalmá-lo. Quando uma criança do sexo masculino tem seus momentos de sensibilidade, não pode ser atrelado a um menino fraco, perdedor ou “menos homem”. Por incrível que pareça, ensinar os filhos a reprimir os sentimentos é mais comum do que imagina.
Da mesma forma, não fale para sua filha que o que ela está fazendo não é coisa de mocinha. Afirmações como essa podem minar a autoestima da criança, além de restringi-la a viver experiências comuns para a idade dela. Sem contar que frases como essa podem impedi-la de socializar com outras crianças e contribuir para que seja introspetiva.
6. Coma tudo. Tem criança que passa fome
É comum que papais e mamães orientem seus filhos a não deixar nenhum grão de arroz no prato. Se não comerem toda a comida, podem até mesmo ficar de castigo. Com essa cobrança, as crianças passam a entender que, se não comerem tudo que está no prato, irão decepcionar os pais.
A nutricionista Marcela Kotait afirmou, em entrevista à Revista Crescer, que os pais usam a comida como forma de chantagear, punir e recompensar as crianças. Assim, acabam passando a mensagem errada sobre alimentação. É importante que os adultos saibam respeitar os limites de saciedade dos pequenos para que eles tenham uma boa relação com a comida e com o corpo.
Neste caso, o que cabe aos pais? Eles precisam oferecer alimentos de qualidade e bem selecionados ao filho, porém a quantidade a ser ingerida deve ser decidida pela criança. Existem relatos de crianças que eram obrigadas a comer tudo que tinha no prato e apresentou sobrepeso e até mesmo distúrbios alimentares. Então, é necessário ter cautela.
5. Você é uma criança egoísta
É normal que as mães ensinem as crianças a dividirem os brinquedos com outras, sejam irmãos, primos ou coleguinhas. De fato, os pequenos devem aprender a compartilhar. Entretanto, quando os impõem esse comportamento utilizando as frases “Não seja uma criança egoísta” ou “Você é egoísta se não dividir” está ensinando os filhos a sempre abrirem mão do que querem.
Por isso, esse tipo de orientação deve ser feito com cuidado. As crianças que sempre foram ensinadas a ceder podem crescer com dificuldade em se posicionar. Os adultos também precisam compreender que não podem passar por cima da individualidade das crianças. Afinal, os pequenos também devem dar importância às suas vontades.
Na maioria das vezes quando os pais ensinam os filhos a compartilhar tudo, é para mostrar ao pai do outro coleguinha o quão generosa sua criança é. O que pode ser feito é ensinar a compartilhar o brinquedo, por exemplo, quando terminar de brincar. Não precisa ser algo imediato.
4. Se não fizer o que eu mandar, vai ficar de castigo
Muitas mães ainda têm a ilusão de que punições e castigos são educativos. Na verdade, não é isso que os psicólogos acreditam. Ao utilizar esse tipo de didática para ensinar as crianças, está fazendo com que elas entendam que ao fazer algo que os pais não gostam, vão perder algo prazeroso.
Pode funcionar durante algum tempo, mas não tem nada de construtivo nessa orientação. Além disso, as punições fazem com que as crianças deixem de criar recursos para lidar com tristeza e raiva. O castigo na verdade gera um sentimento de revolta e opressão nos filhos. Assim, mais uma vez, vamos para as prisões emocionais geradas por determinados comportamentos.
A solução é saber disciplinar sem trauma, através do ensino das regras. Quando a criança entende de forma lógica, e não sentimental, o porquê precisa cumprir determinada, ele passa a praticar de forma espontânea. Então, os pais precisam ser claros no diálogo e se certificar que os filhos entenderam a necessidade dos deveres e obrigações, sem puni-los.
3. Tirou nota boa, mas poderia ter sido 10
A cobrança nos estudos é muito comum e, na maioria das vezes, exagerada. Não é que os pais devam ser omissos quanto à educação de seus filhos, mas existe a forma correta de estimular o crescimento dos pequenos. A maioria dos adultos são acostumados a se importarem com os resultados e não com o aprendizado real das crianças.
Para os pais, é mais importante o filho tirar 10 na prova do que se certificar que ele aprendeu o conteúdo. Este comportamento faz com que as crianças sejam ansiosas e temam a reação dos pais se tirarem nota baixa. Sem contar o desenvolvimento de uma cobrança excessiva e desnecessária sobre o próprio desempenho.
No lugar da afirmação “tirou nota boa, mas poderia ter sido 10”, diga palavras positivas e de reconhecimento pelo esforço do seu filho. Promova de forma natural o desejo em melhorar as notas e a performance na escola. Lembre-se que nem sempre as notas baixas do boletim são sobre o desempenho escolar. Investigue o que está por trás da dificuldade em aprender.
2. Se não obedecer, o bicho-papão vai te pegar
Uma das coisas que mais amedrontam as crianças é o terrível bicho-papão ou homem do saco. Apesar de ser um método que costuma cessar de imediato a birra das crianças, não é um recurso positivo para aplicar na educação dos filhos. Principalmente, pelo fato dessas marcas da primeira infância ficarem para sempre na mente deles.
A fala “se não obedecer, o bicho-papão vai te pegar” pode causar traumas nas crianças, além de incentivar o desenvolvimento de crenças limitantes que elas levarão para a fase adulta. Determinadas afirmações que marcam o imaginário dos pequenos ficam armazenadas no inconsciente. As lembranças passam a influenciar nas atitudes.
Outro ponto muito negativo é que, ao gerar medo na criança, os pais estão limitando a personalidade dos filhos. O temor impede com que os pequenos avaliem o porquê determinada atitude pode prejudicá-lo. Desse modo, assim como a punição e o castigo, a ameaça não é aconselhada no processo de educação. Mexer com as fantasias das crianças é delicado.
1. Eu faço tudo por você. É assim que me retribui?
Por fim, sem dúvidas o comportamento mais prejudicial às crianças é o da chantagem emocional. Quando a mãe diz ao filho que faz tudo por ele e cobra a obediência em troca, na verdade ela está fazendo com que a criança se sinta ingrata. Além disso, o filho cresce achando que nunca terá voz e poder de decisão.
Isso acontece quando os pais querem que os filhos falem “sim” para todos os comandos que dão. No entanto, os adultos devem ensinar os filhos a terem opinião própria ao mesmo tempo em que instruem o porquê obedecer determinada orientação é importante. Educar as crianças com essa chantagem pode prejudicar a saúde psicológica.
Comportamentos de dependência, baixa auto estima e personalidade introspectiva podem ser encontrados em crianças que têm esse tipo de educação. Os filhos crescem se sentindo eternos devedores dos pais. Inclusive, na fase adulta, isso pode ser um grande problema. Para reverter esse sentimento, é necessário acompanhamento psicológico.
Não faça chantagem emocional
A chantagem emocional é um dos piores recursos que as mães podem utilizar na criação dos filhos. É um método que pode até ser tentador, pois nada mais é que a manipulação do comportamento do pequeno. Embora pareça ser a forma mais rápida de corrigir os filhos, os resultados são catastróficos a longo prazo. O que isso quer dizer?
Em um determinado momento, as chantagens não surtirão mais efeitos e junto com o resultado esperado irão embora as possibilidades da criança implementar o comportamento desejado. A primeira impressão é que vai resolver todos os problemas, mas na verdade está impedindo que a criança tenha um entendimento duradouro da necessidade da mudança.
Fique atento à desobediência excessiva
Chamar atenção, punir, colocar de castigo, dar palmadas, nada disso resolve se o seu filho está extremamente desobediente. Quando a criança apresenta comportamento rebelde, é necessário que tanto a mãe como o pai busquem entender o que está por trás dessas atitudes. É provável que o seu filho esteja chamando a atenção por passar pouco tempo em família.
Esse comportamento também pode aparecer quando só existem cobranças e regras no ambiente familiar. Os pais precisam investir em uma rotina que também exista bônus e não somente ônus. Da mesma forma, é necessário ter cautela com a permissividade excessiva. As crianças precisam de limites e, por incrível que pareça, em algum momento elas podem clamar por isso.